Encontro Internacional sobre Clima e Saúde

O pesquisador Christovam Barcellos, coordenador do Observatório de Clima e Saúde, ressaltou que a saúde é uma mediadora entre clima e sociedade. 

"Apontado como a maior oportunidade do século XXI , o debate em torno da relação entre mudanças climáticas e saúde permite mostrar como a vida de todos é impactada pelo fenômeno do aquecimento global. Essa foi a tônica do Encontro Internacional sobre Clima e Saúde, promovido pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS) e a Embaixada da Alemanha em Brasília no dia 13 de setembro de 2018.

Em sua fala de abertura, o embaixador da Alemanha no Brasil, Georg Witschel, lembrou que, ao tratarmos de clima, também vale a máxima da área médica que diz 'prevenção é o melhor remédio'. Segundo ele, quanto mais graves forem as mudanças climáticas, maiores serão as implicações e riscos para saúde. 'Já a relação entre política climática e saúde é positiva. Quanto mais ambiciosos formos na condução de nossas políticas climáticas, maiores as chances de reduzirmos os riscos para a saúde. Cada real investido em políticas climáticas gera benefícios diretos para a saúde', ressalta. 

Ana Toni, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade (iCS), pontuou que o objetivo do Diálogos Futuro Sustentável é construir pontes entre diferentes comunidades. De acordo com Ana, há muitos benefícios na aproximação das agendas de clima e saúde, afinal, são duas faces de uma mesma moeda e a relação é benéfica para os dois lados. 'Investimento em ônibus elétrico contribui para a redução da poluição do ar nas cidades, estímulo à mobilidade ativa ajuda a combater a obesidade, produção agroflorestal sem desmatamento proporciona alimentos mais saudáveis. Tudo isso é bom para clima e para saúde. Sonho pelo dia que ativistas climáticos e agentes de saúde possam mostrar essa relação e falar com facilidade sobre o tema', reforça.

(...) Rodrigo Frutuoso, assessor técnico na Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental do Ministério da Saúde, relatou os esforços para integrar clima nas rotinas dos vários órgãos, secretarias e departamentos que compõem a estrutura de governança de saúde no País.

O Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas, por exemplo, conta com 24 metas, sendo duas delas na área da saúde. 'Hoje contamos com planos de contingência para que tanto no nível federal e nas instâncias estaduais e municipais estejamos preparados para dar resposta às emergências', explica Rodrigo.

Como parte desses esforços, então, foi criado o Observatório de Clima e Saúde - que monitora indicadores na área e é do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Para Christovam Barcellos, da Fiocruz e pesquisador do Observatório, a saúde é uma mediadora entre o clima e a sociedade. Ele contou que a primeira grande tarefa do órgão foi levantar doenças sensíveis ao clima, organizadas em quatro grandes eixos: doenças transmitidas por vetores, crise hídrica (e doenças hídricas) e potencialização da poluição atmosférica combinada com mudanças climáticas.' A temperatura não é a única variável que devemos observar. As mudanças climáticas devem ser observadas junto com as mudanças ambientais. Por exemplo, as doenças se manifestam em decorrência de questões mais amplas como desmatamento, mudança no regime dos rios e eventos climáticos extremos', afirma."

Leia: Reportagem completa publicada por Diálogos Futuro Sustentável