Manaus e as doenças relacionadas à água
Manaus tem aumentado gradativamente sua participação na vida nacional, tanto do ponto de vista econômico quanto demográfico. Mas, ao contrário de outras metrópoles, não está interligada a outras cidades de médio porte ou a grandes redes de suprimento de energia, alimentos e água. Essa característica torna Manaus singular no mundo.
A cidade se tornou subordinada a localidades vizinhas, que fornecem itens fundamentais para a sobrevivência de seus habitantes. Nesse cenário, constatam-se o alto custo e a lentidão tanto do fluxo de mercadorias como da circulação de pessoas, além da dependência da rede de rios da região. Assim, qualquer evento climático que suspenda o abastecimento ou interrompa as cadeias de suprimento da cidade pode produzir uma crise de grandes proporções no setor saúde.
A cidade não pode ser vista isoladamente, mas como parte de um sistema socioambiental que abrange toda a bacia amazônica. As crises sociais e ambientais ocorridas na Amazônia Ocidental são sentidas, particularmente, em Manaus, que tem atraído migrantes da região, de outras partes do Brasil e da América Latina. Na maioria das vezes, essa população recorre à cidade no caso de conflitos étnicos, ambientais e conjunturas econômicas desfavoráveis.
Abordaremos, a seguir, a complexidade do sistema climático local e as consequências de alterações bruscas como as enchentes e as grandes secas. Vamos levantar os fatores que desencadeiam surtos de doenças relacionadas à água na região: enfermidades transmitidas, principalmente, por vetores (como a malária e a dengue), bem como doenças de veiculação hídrica como a leptospirose, as hepatites virais e as doenças diarreicas.