Pesquisadores e gestores abordam ações do Observatório

"Participei da discussão inicial da construção do Observatório Nacional de Clima e Saúde, depois do lançamento do segundo relatório do IPCC, em 2007. Vimos quando se começou a trazer a discussão do clima para a área da saúde, e o Observatório é um instrumento essencial para que se consiga acessar, em um único local, diversas informações sobre a interação entre clima e saúde. Antes era somente em locais separados. O projeto fez a junção de dados relevantes e divulgou análises úteis tanto para a pesquisa quanto para a população em geral."

Eliane Lima e Silva
Consultora em Emergência em Saúde Pública e Desastres / Ministério da Saúde

Pesquisadores que abordam, na matéria, ações do Observatório Nacional de Clima e Saúde"Tenho participado das discussões, construção e da implantação do Observatório Nacional de Clima e Saúde, este último é um processo com inovações, desafios e esforços contínuos para oferecer à sociedade produtos em termos de informações de fácil nível de entendimento. Poder contar com um Observatório de Clima e Saúde é fundamental para uma temática tão pouco conhecida da sociedade. Conhecemos basicamente os impactos agudos dos desastres para a saúde humana, mas os impactos atuais, futuros da variabilidade climática, seu sinergismo com os determinantes sociais da saúde, e como avançar no desenvolvimento de ações proativas para a gestão e uso do território pela sociedade, são objetivos e desafios do Observatório.

Precisamos da participação social, tecnologias, recursos humanos para que a transformação de dados e da pesquisa em informação aplicada se torne uma atividade contínua. O Observatório de Clima e Saúde tem esse propósito, evidenciando as interações sociais, ambientais, culturais, econômicas e políticas dos vários setores da economia em impactos na mudança do clima e na saúde. Sua capilaridade vem aumentando e seus desafios também; hoje, o Observatório já integra um contexto internacional. Precisamos de um esforço integrado dos vários setores econômicos para que o Observatório de Clima e Saúde possa antecipar risco e impactos das mudanças climáticas e subsidiar ações proativas para a promoção e proteção da saúde dos brasileiros."

Sandra Hacon
Professora e pesquisadora da Escola Nacional de Sáude Pùblica / Fiocruz

 

"Eu tenho acompanhado o desenvolvimento do Observatório de Clima e Saúde da Fiocruz, desde seu lançamento no ano 2009, na sede da OPS/OMS em Brasília. Desde então, o Observatório tem crescido e sido uma referência para o Brasil, e agora tem a oportunidade de converter-se em uma referência internacional, tanto para os países das Américas quanto para os países lusófonos. Desde sua criação, outras agendas globais têm surgido, como por exemplo, o Marco de Ação de Sendai para a Redução de Riscos de Desastres 2015-2030, e a Agenda 2030 e seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. O Observatório se encontra em uma situação oportuna para abordar estes temas desde o ponto de vista da saúde. Parabenizo os fundadores e a equipe do Observatório, por suas ações presentes e futuras que sem dúvida ajudam e ajudarão ainda mais no futuro a proteger a saúde das ameaças advindas das mudanças climáticas e outras mudanças ambientais." 

Carlos Corvalan
Professor adjunto / Universidade de Sydney, Austrália

 

"O Observatório Nacional de Clima e Saúde desempenha papel importante, pois é preciso buscar estratégias que alertem a população em geral e o gestor de saúde com informações relevantes, para promover a mudança de comportamento. Não temos o poder de influenciar diretamente nas mudanças climáticas, mas temos como influir em suas consequências. A gestão da informação, ligando causa e efeito, possibilita ao gestor local um planejamento adequado e uma resposta oportuna a determinados eventos, minimizando seus danos e promovendo a elaboração de políticas de saúde mais assertivas, fortalecendo assim, a capacidade de resposta do SUS."

Rodrigo Frutuoso
Assessor técnico do Departamento de Saúde Ambiental e Saúde do Trabalho / Ministério da Saúde

 

"Vejo a importância do Observatório Nacional de Clima e Saúde no contexto da Saúde Pública, porque antes do projeto, não havia no Brasil um espaço especializado para as mudanças climáticas e seus efeitos na saúde, pouco se conhecia sobre essa relação antes da iniciativa. O Observatório tem contribuído para construir bases para a compreensão desse fenômeno, para entendermos como a saúde da população é afetada, por exemplo, nos impactos da seca. Quais são os efeitos de uma seca prolongada, de seis anos - uma das maiores já ocorridas no país -, por exemplo? Esse é um dos objetos de estudo do Observatório. Estamos falando da construção de um olhar teórico metodológico e empírico, para compreender esses fenômenos nos territórios, para apontar a possibilidade de mitigação desses efeitos na saúde da população na região do Semiárido, uma das mais vulneráveis. Espero que o site reformulado seja cada vez mais utilizado pelos gestores, sociedade civil e gere ainda mais estudos pelos pesquisadores."

André Monteiro
Coordenador do Laboratório de Saúde, Ambiente e Trabalho (Lasat) e pesquisador / Instituto Aggeu Magalhães / Fiocruz

 

"Tivemos a satisfação com o convite do Observatório Nacional de Clima e Saúde para a oficina Mudanças climáticas e saúde: desastres de secas no semiárido brasileiro, evento no qual fui um dos palestrantes na mesa que abordou os desastres de secas no Semiárido e apresentei uma pesquisa desenvolvida, no período de 2013 a 2016, na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). No estudo foram analisadas e mapeadas as 14 unidades de proteção integral da caatinga que estão sob a administração federal. O livro Atlas das Caatingas e o vídeo Caatingas em risco são alguns resultados desse projeto, que temos a intenção de ampliar com parceiros como a Fiocruz, para explorar numa futura pesquisa mais 844 mil quilômetros. O site Atlas das Caatingas é outro fruto dessa pesquisa, que faz uma nova abordagem metodológica sobre este tema de vital importância para o conhecimento científico e o desenvolvimento sustentável da Região Nordeste do Brasil. Ficamos muito honrados de apresentar o projeto no seio de uma iniciativa tão inovadora como o Observatório Nacional de Clima e Saúde."

Neison Cabral Freire
Pesquisador / Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj)

* Banner e Montegem: Bruno Oliveira * Fotos: Graça Portela (Ascom/Icict) e acervo pessoal (Carlos Corvalan e Sandra Hacon)- Da esquerda para a direita: Sandra Hacon, Rodrigo Frutuoso, André Monteiro, Eliane Lima e Silva, Neison Freire e Carlos Corvalan