Amazônia brasileira e as doenças relacionadas às queimadas
A Região Amazônica - a maior área de floresta tropical do mundo -, contendo, aproximadamente, um quarto de todas as florestas tropicais do planeta, figura entre as regiões que possuem as maiores taxas de desmatamento. Nas últimas três décadas, estima-se que a Amazônia tenha perdido, aproximadamente, 17% de sua cobertura florestal nativa em função de significativas mudanças nos padrões de uso do solo, por meio de intenso processo de ocupação humana, acompanhado de pressões econômicas nacionais e internacionais.
As causas do desmatamento são alvo de intensos debates pela complexa interação entre fatores políticos, econômicos e sociais. No entanto, há um consenso de que tal relação gerou um padrão de atividades econômicas que tem sido responsável por emissões de gases e partículas de aerossóis para a atmosfera através da queima de biomassa1 em áreas de pastagem, cerrado e florestas primárias e secundárias.
Mesmo considerando que a principal fonte global de emissão de gases de efeito estufa seja produzida por combustíveis fósseis2, as queimadas na Amazônia e no Cerrado representam a principal contribuição brasileira (aproximadamente 19%) para as fontes globais de vários gases de efeito estufa3, como CO2 (dióxido de carbono), CH4 (metano) e N2O (óxido nitroso), dentre outros, com desdobramentos diretos no fenômeno das mudanças climáticas nos níveis local, regional e global.
As queimadas e os prejuízos à saúde
As queimadas e a consequente emissão e concentração de gases na atmosfera podem comprometer a saúde das populações nas suas áreas de influência. Essencialmente, elas ocorrem na área definida como Arco do desmatamento, que abrange os estados do Acre, Amapá, Amazonas, parte do Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
Vários fatores influenciam o nível de exposição, como os produtos de queima de biomassa, a quantidade de poluentes emitidos, a distância da população em relação à intensidade da queimada, as condições climáticas e topográficas da região e a frequência da queima.
Os prejuízos à saúde refletem-se, principalmente, na redução da capacidade pulmonar e no aumento do número de consultas ambulatoriais e de internações hospitalares por doenças respiratórias e cardiovasculares em crianças e idosos, e, ainda, no aumento das taxas de mortalidade de idosos com mais de 65 anos também por essas causas.