Governador Valadares - Do tormento da inundação ao flagelo da seca. Três anos depois de sofrer a terceira pior enchente de sua história, que encerrou um ciclo de três décadas de transbordamento do Rio Doce, Governador Valadares vive o drama da estiagem e de novo racionamento. Como não chove na região desde 17 de dezembro, segundo o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), o rio que abastece a cidade, que chegou a subir mais de 5 metros em 1979, está 20 centímetros abaixo do nível normal. O leito expõe pedras e bancos de areia.
Novos edifícios residenciais com mais de quatro pavimentos e prédios não-habitacionais com mais de 400 metros quadrados de área coberta são obrigados a possuir áreas verdes nos tetos e reservatórios para o acúmulo de água no Recife. Desde a última sexta-feira (16), quando a lei dos telhados verdes foi oficializada, as licenças de construção só são liberadas pela prefeitura se atender às novas regras. Outras duas leis visando ao desenvolvimento sustentável foram homologadas na ocasião.
No interior de São Paulo, a falta de chuva chegou a um ponto que os poços artesianos estão secando. Tem até piscina virando caixa d´água. O poço artesiano, que sempre foi a alternativa para o abastecimento para quem vive no campo, já não tem mais utilidade. A bomba não consegue puxar água para completar a caixa da casa.
Maior recurso natural do planeta, a água é fundamental para a sobrevivência humana e o desenvolvimento socioeconômico dos países. Por essa razão, é necessário garantir sua qualidade para um abastecimento econômico e seguro de água potável nos meios urbano e rural. Nesta perspectiva, as fontes de água subterrânea se mostram com importância estratégica, pois são uma alternativa de suprimento de qualidade a relativo baixo custo.
O terceiro maior reservatório de abastecimento de água de Belo Horizonte agoniza com a falta de chuva e está perto de chegar ao seu volume morto, que é a porção além da captação. A represa de Serra Azul nunca esteve tão vazia e o lago, que chega a 8,9 quilômetros quadrados de extensão, se resume a filetes de água e empoçamentos contidos num extenso leito de terra trincada. A torre de captação de concreto quase não chega mais ao nível da água e a barragem de 640 metros de largura e 48 metros de altura está totalmente exposta.
Com dez vezes mais água armazenada do que o Sistema Cantareira, a Represa Billings deve ser utilizada para abastecer parte da população que enfrenta a crise hídrica em São Paulo, conforme informou a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). A solução, no entanto, não resolve o problema emergencialmente, pois só ficará pronta em 2018.
O nível do reservatório de Paraibuna, o maior de quatro que abastecem o estado do Rio de Janeiro, atingiu o volume morto nesta quarta-feira (21), pela primeira vez desde que foi criado, em 1978. De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a usina hidroelétrica foi desligada após o nível atingir zero.
O desperdício entre o tratamento e a distribuição de toda a água consumida no país, em 2013, ficou em 37%. Os dados constam de um relatório do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis), ligado ao Ministério das Cidades. O percentual se manteve estável em relação ao verificado em 2012, quando o levantamento apontou que de toda a água tratada no período, 36,9% não chegavam nas torneiras dos consumidores.
Depois de São Paulo, agora é a vez das autoridades de Minas Gerais e do Rio de Janeiro admitirem oficialmente que já há planos de racionamento de água nos dois Estados. Com o agravamento da crise hídrica na região Sudeste, o coração econômico do país, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, afirmou que o Brasil também enfrentará “problemas graves” no fornecimento de energia, inclusive um possível racionamento, se os reservatórios das principais hidrelétricas do país ultrapassarem o limite mínimo “prudencial” de 10% de armazenamento de água. Braga participa de uma reunião com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, na tarde desta sexta-feira, para discutir a crise no setor.
A cidade de São Paulo completa 461 anos no dia 25 de janeiro de 2015. Originária da pequena Vila de Piratininga, se tornou o município mais populoso e mais rico do Brasil. O desenvolvimento humano foi impressionante, mas a crise hídrica que se abate sobre os paulistanos, a imobilidade urbana, a desigualdade social e os elevados níveis de violência mostram que algo está errado com o modelo adotado. A “cidade que não pode parar” vê seu futuro comprometido diante de um dia a dia poluído, devorador de recursos, gerador de lixo e que segue um rumo insustentável.
A falta de chuva no Rio baixou o nível de água do maior lago da Quinta da Boa Vista, na Zona Norte, como mostrou o RJTV, neste sábado (24). O tradicional passeio de pedalinho pelo parque foi suspenso, pois o fundo das embarcações chega a encostar no fundo.
Um quinto da população brasileira já está sofrendo os efeitos da seca neste início de ano em todo o país. Levantamento feito pelo GLOBO com base em informações de comitês de bacias hidrográficas e governos estaduais mostra que ao menos 45,8 milhões de pessoas vivem em regiões em que os níveis dos reservatórios estão abaixo do normal e a quantidade de chuvas é menor que a média histórica. A falta d’água já tem causado, em estados do Sudeste e do Nordeste do país, racionamento em áreas urbanas, redução na irrigação de propriedades rurais e cancelamento da navegação. Caso se prolongue, a estiagem ameaça a geração de energia nas hidrelétricas e a produção industrial, segundo especialistas.
O governo do Rio de Janeiro precisa, urgentemente, implantar ações de despoluição de rios ou pelo menos remover os poluentes de rios e riachos nas proximidades da captação do Rio Guandu, como o Rio dos Poços, por exemplo. Com isso, diminuiria de 110 metros cúbicos por segundo (m³/s) para 45 m³/s a necessidade de água tirada do sistema para diluir e tratar esgotos, disse à Agência Brasil o professor Marcos Freitas, coordenador do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (Ivig) – unidade do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ).
O desperdício de água no Brasil representa uma perda de R$ 10 bilhões por ano. Portanto, a crise hídrica, que tem preocupado os brasileiros, é mais prejudicial do que se imagina. A Confederação Nacional de Municípios (CNM) mostrou em reportagem na última semana que o país perde 37% da água tratada. Os dois danos, o porcentual e o montante em dinheiro, fazem parte de um estudo divulgado em março do ano passado pelo Instituto Trata Brasil e a Universidade de São Paulo e que voltou à tona.
O reservatório de água de Santa Branca (SP), o menor dos quatro que abastecem o estado do Rio de Janeiro, atingiu o volume morto neste domingo (25), informou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Este é o segundo abastecedor a ficar sem volume útil desde o início de 2015. Na quarta-feira (21), o reservatório de Paraibuna (SP), o principal do sistema, também esgotou seu volume útil.
Com seus 461 anos completos no último domingo (25), São Paulo começa a assumir um papel diferente do que o Brasil se acostumou a ver. Se por anos a fio a cidade abrigou gente de todo o país, agora, enfrentando uma crise hídrica jamais vista, ela faz com que esses migrantes pensem em abandonar a metrópole por falta de estrutura.
O coordenador do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (Ivig), do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), Marcos Freitas, afirmou, no sábado (23), que a crise de energia e de água “chegou ao país”. Segundo ele, a consequência é a população brasileira ter de conviver com algum tipo de racionamento,
A seca se espalhou pelo Brasil: 45,8 milhões de pessoas sofrem com a falta de água, o que significa 20% do país, segundo levantamento feito pelo Jornal O Globo com base em informações de comitês de bacias hidrográficas e governos estaduais. No total, 936 municípios estão em situação de emergência.
A falta de água que atinge as Regiões Metropolitanas de São Paulo e de Campinas vai afetar o ritmo de produção da indústria, a produtividade e o Produto Interno Bruto (PIB) industrial do Estado de São Paulo. Já existem empresas planejando férias coletivas e redução de turnos de trabalho para contornar a crise hídrica. A avaliação é do vice-presidente da Federação das indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e diretor de Meio Ambiente, Nelson Pereira dos Reis. Existem nessas duas regiões cerca de 60 mil indústrias que respondem por 60% do PIB industrial paulista. "A preocupação é grande. Não esperávamos uma seca com essa intensidade", diz Reis.
Com o nível dos reservatórios em queda a cada dia, o efeito da estiagem no Rio Paraíba do Sul é o pior já registrado. De acordo com o diretor executivo do Comitê Guandu, Julio Cesar Antunes, que participou hoje (27) da reunião do Grupo Técnico de Acompanhamento de Operações Hidráulicas, a situação está 25% pior do que ficou na maior seca registrada até então.