São Paulo – A crise da água em São Paulo está se agravando e o cenário não deve melhorar nos próximos meses. Especialistas consultados por EXAME.com afirmam que as soluções de curto prazo existentes já foram tomadas e o que nos resta agora é o rodízio de abastecimento. A Sabesp já cogita um revezamento severo, de cinco dias sem água por semana. Com isso, a pergunta que todo paulistano se faz é: o que vai acontecer se ficarmos realmente sem água?
Um novo levantamento da Agência de Recursos Hídricos aponta que a vazão dos rios que abastecem a Grande Vitória caiu novamente. São mais de 45 dias de seca, o que reduziu o escoamento esperado em 40%. Especialistas consideram essa a pior estiagem dos últimos 40 anos e alguns municípios já começaram a decretar estado de emergência ou estão tomando medidas para evitar o desperdício. O setor de agricultura é um dos mais prejudicados com a falta de água.
O nível de água da cachoeira Véu de Noiva, que fica no município de Santa Leopoldina, região Serrana do Espírito Santo, está o mais baixo dos últimos 20 anos, segundo a administração do parque onde ela está localizada. Por conta da falta de chuvas, a queda está apenas com 30% do volume total previsto para o mês de janeiro.
As regiões nordeste e sudeste brasileiras, que concentram a maior parte da população, vivem ameaçadas pela falta de água até para beber.
Governadores dos Estados mais afetados têm recorrido ao Governo da presidente Dilma Rousseff(PT) para pedir recursos para obras emergenciais, que vão precisar ser feitas, “do dia para noite”, para o enfrentamento do problema.
O Espírito Santo vive a pior seca dos últimos 40 anos. A estiagem que já dura 47 dias levou o governo do estado a declarar a existência de "cenário de alerta", nesta terça-feira (27). As consequências da falta de chuvas vão desde o provável fechamento da hidrelétrica em Santa Maria de Jetibá, na região Serrana, até a redução da programação do carnaval em Piúma, no Sul do estado.
A crise hídrica que atinge Minas Gerais pode comprometer parte de um patrimônio de grutas descoberto há mais de 180 anos no estado. O risco, segundo especialistas, é de a falta de água em lençóis freáticos prejudicar a sustentação de grutas e cavernas que são parte de rota cultural importante em Minas.
O secretário estadual da Casa Civil, Leonardo Espíndola, afirmou ontem (29) que o Rio de Janeiro cumprirá o compromisso com o Comitê Olímpico Internacional, de sanear 80% da Baía de Guanabara até a disputa dos Jogos, no próximo ano. De acordo com o secretário, o acordo não prevê a “limpeza” de 80% da baía, mas o tratamento de 80% do esgoto que é despejado nela.
O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, e seu secretário de ambiente, André Corrêa, vão se reunir no dia de 10 fevereiro com técnicos de Israel e Espanha para discutir a dessalinização da água do mar para abastecimento do estado. A proposta seria uma alternativa para fornecer água à população devido à estiagem.
A estiagem em uma época típica de chuvas está colaborando com a despoluição da Lagoa de Araruama, no interior do Rio, afirma um especialista. Segundo o biólogo Eduardo Pimenta, comentarista de meio ambiente da Inter TV, a falta de chuvas faz com o que o sistema de captação de esgoto nas cidades da Região dos Lagos, que funciona em tempo seco, consiga tratar todo o esgoto que é captado.
Nesse final de ano a população paulistana sofre os graves efeitos de um verdadeiro paradoxo hídrico, uma crise de fornecimento de água tratada por decorrência do esgotamento de seus sistemas de captação e o retorno do flagelo das enchentes urbanas por decorrência do fracasso dos programas que vêm sendo adotados para seu combate.
Moradores das área rurais de Itupeva (SP) e em Cabreúva (SP) ainda sentem o reflexo da forte estiagem que atingiu a região em 2014. Isso porque os poços artesianos estão secos. A saída para muitos moradores da área rural é a água levada pela Defesa Civil e também armazenar água das chuvas.
Para entender como e por que o capitalismo verde avança sobre os territórios indígenas e das populações tradicionais é necessário reconhecer os paradoxos da água. Ou seja, a água é vida e morte, liberdade e escravidão, esperança e opressão, guerra e paz. A água é um bem imensurável, insubstituível e indispensável à vida em nosso planeta, considerada pelo Artigo 225 da Constituição Federal, bem difuso, de uso comum do povo.
Moradores da Zona Oeste do Rio estão sem água há mais de um mês
Apesar de não ter abastecimento, contas estão chegando para região.
De acordo com moradores, inúmeros contatos já foram feitos com Cedae.
O nível dos seis conjuntos de reservatórios que abastecem a Grande São Paulo caiu nesta segunda-feira (12), informa a Sabesp. No principal deles, o Cantareira, que atende a 6,5 milhões de pessoas, a falta de chuvas interrompeu dois dias de estabilidade e o volume baixou de 6,6% para 6,5% desde domingo.
Entre os demais sistemas, a maior queda em pontos percentuais foi registrada no Rio Claro, que recuou de 27,9% para 27,5%.
Não há previsão de chuvas para o Rio de Janeiro nos próximos dias. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) informou uma massa de ar quente está estacionada sobre o estado – como também na região Sudeste, parte do Nordeste e Centro-Oeste –, o que impede a formação de chuvas. O Inmet explicou que as temperaturas estão acima das esperadas.
Revista Pesquisa FAPESP – A Amazônia não é apenas a maior floresta tropical que restou no mundo. Esse sem-fim de verde entrecortado por rios serpenteantes de tamanhos e cores variados também não se limita a ser a morada de uma incrível diversidade de animais e plantas.
A floresta amazônica é também um motor capaz de alterar o sentido dos ventos e uma bomba que suga água do ar sobre o oceano Atlântico e do solo e a faz circular pela América do Sul, causando em regiões distantes as chuvas pelas quais os paulistas hoje anseiam.
Algumas regiões do Grande Rio estão sofrendo com a falta dágua neste verão. Na madrugada desta quinta-feira (15), a equipe de reportagem do Bom Dia Rio flagrou moradores do Recreio dos Bandeirantes se arriscando para pegar água em um córrego ao lado de jacarés.
A Agência Nacional de Águas (ANA) autorizou nesta sexta-feira (16) as obras de interligação da bacia do rio Paraíba do Sul com o Sistema Cantareira, que abastece a população da região metropolitana de São Paulo. O aval foi dado por um grupo de trabalho criado na ANA, com representantes dos governos de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, para discutir soluções para a crise da falta de água em municípios paulistas.
A falta de água nos reservatórios e a falta de chuva consistente sobre São Paulo desde o início de verão tem frustrado a recuperação dos reservatórios da Grande São Paulo. Desde a semana do Natal tem ocorrido apenas temporais isolados , que vem sendo insuficientes para provocar a elevação do Cantareira - o maior reservatório que abastece a região metropolitana. Neste sábado, segundo dados da SABESP, o Sistema está em apenas 6,0% de sua capacidade total.
Já há algum tempo estamos sendo bombardeados diariamente com as notícias sobre o drama da população de São Paulo. Um debate que, a princípio, teve contornos políticos por causa do processo eleitoral e se achava que teria fim em pouco tempo. Contudo, as eleições se foram, as chuvas teimam em castigar a Capital paulista e, agora, chegou a notícia que todos temiam, isto é, o racionamento anunciado pelo governador Geraldo Alckmin como fator essencial para distribuição da água. Um quadro lastimável que, nos seus graves contornos, serve para emitir um alerta fulminante a todos nós: é preciso se criar urgentemente a consciência de respeito os recursos hídricos e, como demais, dos recursos ambientais.